Testamento vital: você já registrou o seu?


A população humana está envelhecendo em todo o planeta. Então, temas ligados à velhice e à finitude se tornam prementes para todos nós a partir de agora.

Há questões fundamentais sobre as quais você precisa começar a refletir hoje:

Como você está se planejando, e se preparando, para a fase final da vida?

Como você gostaria de morrer?

Em que situações você consideraria inaceitável continuar vivendo?

Que orientação você daria a quem estiver responsável por você, caso você deixe de ter condições de expressar o seu desejo?



Essa discussão tem sido silenciada por um tempo longo demais.

Esse tema tem sido tratado como tabu – de modo irresponsável, dada a sua relevância – por todos nós.

Há um instrumento jurídico que você pode usar para estabelecer desde já o que deseja para si mesmo em termos de tratamento médico – e, assim, garantir que seus desejos sejam respeitados por familiares, profissionais da área médica, autoridades policiais, pelo sistema judicial, ou por quem quer que esteja na posição de decidir sobre sua saúde, se um dia você se encontrar numa situação de vulnerabilidade.

Trata-se do Living Will (ou Advance Healthcare Directive, Personal Directive, Advance Directive, Medical Directive ou Advance Decision).

Em português: Testamento Vital (ou Declaração Antecipada de Vontade, Testamento de Vida ou Diretrizes Antecipadas).

Não é um documento comum no Brasil. Mas é bastante utilizado em países como os Estados Unidos e a Inglaterra. (Foi proposto pela primeira vez em 1967 num encontro da Euthanasia Society of America.)


Nos Estados Unidos, há também uma declaração chamada Five Wishes, ou Cinco Desejos, criada em 1996 pela associação Aging With Dignity.

Trata-se de um Testamento Vital acrescido de uma procuração, e também de instruções que extrapolam o campo médico.

Eis o modelo:

Desejo 1: A pessoa que eu quero que tome as decisões de cuidados médicos sobre mim quando eu não puder mais fazê-lo

Trata-se da definição de um procurador. Essa pessoa tomará decisões relacionadas ao tratamento médico em seu nome se você não puder falar por si mesmo.

Desejo 2: Os tipos de tratamento médico que quero e que não quero

O equivalente a um Testamento Vital – a definição dos cuidados médicos, em especial das medidas ligadas ao suporte da vida, que você deseja ou não deseja receber.

Desejo 3: O nível de conforto que eu quero ter

Aqui você define diretrizes específicas relacionadas ao conforto e ao bem-estar – que tipo de tratamento para dor você gostaria de ter, instruções de higiene pessoal, sobre cuidados paliativos etc.

Desejo 4: Como eu quero que as pessoas me tratem

Aqui você define preferências pessoais. Se você gostaria de permanecer em casa em vez de ser internado em um hospital, se gostaria que alguém orasse ou não ao lado de sua cama etc.

Desejo 5: O que eu quero que meus entes queridos saibam

Aqui você trata de questões como perdão, como gostaria de ser lembrado, seus desejos finais em relação ao seu funeral etc.

QUER ENTENDER MELHOR?


boamorte.org não é um site de incentivo ou de divulgação do suicídio. E não apoia quem o faz.
Procure ajuda. Especialmente se você é jovem e não é portador de doença incurável ou incapacitante.

Não tome nenhuma decisão solitária ou precipitada. Converse. Fale. Ouça. Informe-se.
A vida com qualidade é sempre a melhor opção.
boamorte.org é um espaço de discussão sobre o direito de morrer de modo humanizado, com dignidade – o derradeiro direito civil a ser conquistado. E a ser exercido somente em casos de sofrimento insuportável, em geral no fim da vida, quando a espera pela morte natural se tornar inaceitável.

A morte voluntária assistida, tanto na versão autoadministrada quanto na versão administrada por terceiros, constitui um procedimento ilegal hoje no Brasil

COMPARTILHE:


VEJA TAMBÉM