Michael Irwin: “A morte assistida e a eutanásia deveriam ser opções oferecidas no pacote de cuidados paliativos”

Michael Irwin: “Se eu tivesse um câncer terminal ou uma doença neurológica incurável, não gostaria de impor à minha mulher ou às minhas filhas a minha morte de forma lenta e dolorosa.”

Neste vídeo, o médico britânico Michael Irwin defende a morte medicamente assistida e a eutanásia em sessão do Oxford Union Society, um clube de debates ligado à Universidade de Oxford.

“Como nasci em 1931, tenho um interesse pessoal no direito de partir desse mundo de modo facilitado. Temos um dos melhores sistemas de saúde no mundo no Reino Unido. Temos acesso a bons cuidados paliativos. Mas deveríamos ter também a opção de encerrar a vida de modo antecipado – por meio da morte medicamente assistida.

“Defendo que os médicos estejam envolvidos nesse processo. Para avaliar a condição de saúde do paciente e para avaliar sua competência mental.

“Se eu tivesse um câncer terminal ou uma doença neurológica incurável, não gostaria de impor à minha mulher ou às minhas filhas a minha morte de forma lenta e dolorosa. Gostaria de poder encaminhar isso de outra forma, enquanto eu ainda for eu mesmo”.

“Acompanhei pessoas à Suíça e fui testemunha de suas mortes medicamente assistidas. Vi essas pessoas morrerem de modo digno. Tenho 81 anos. Estou com problemas para caminhar. Eu posso ir à Suíça. Sou membro da Dignitas. Mas gostaria de ter a opção de antecipar minha morte, se essa situação se apresentar para mim, em meu próprio país.

“A morte medicamente assistida é sobretudo uma questão de direitos humanos. Especialmente quando a medicina desenvolveu formas de manter o paciente vivo, por prazo indeterminado, conectado a uma máquina, mesmo sem as menores condições de que essa vida possa ser vivida com qualidade. O direito à morte medicamente assistida é como uma apólice de seguro contra esse tipo de situação”.

“Muito críticos da morte medicamente assistida argumentam que há o risco de um efeito bola de neve – se liberarmos o procedimento para idosos, em seguida outros indivíduos poderão ter acesso a ele. Deixem-me dar um exemplo de um bom efeito boa bola de neve. Nesse país, por muitos anos, somente homens brancos donos de terra podiam votar. Para eles, outras pessoas poderem votar também implicava risco de quem em breve mais gente tivesse acesso ao voto. Primeiro, homens com mais de 30. Depois, mulheres. Depois, pessoas com mais de 18 anos. E assim por diante. Para mim, esse é um bom efeito bola de neve.

“A morte medicamente assistida e a eutanásia não competem com os cuidados paliativos, mas são um exemplo de bons cuidados paliativos”.




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A morte voluntária assistida (MVA) é um direito civil ainda indisponível no Brasil.

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