Philip Nitschke entrevistado pela Hemlock Society: “As pessoas precisam de permissão para deixar de viver?”

Para Philip Nitschke, o acesso à uma morte digna é um direito civil inalienável do indivíduo, e não um “privilégio médico”.

Nesta entrevista de Philip Nitschke, fundador da Exit International, a Faye Girsh, fundadora da Hemlock Society of San Diego, e ao atual presidente da entidade, Barry Price, há muitos pontos ótimos de reflexão sobre a questão da morte assistida e da eutanásia.

Segundo Philip, há basicamente dois modelos para pensar o direito à autodeterminação, mesmo entre as pessoas que defendem o direito à morte com dignidade.

Um deles, o modelo do “privilégio médico”, em que o acesso de um paciente à morte humanizada é uma decisão do médico, ou de algum corpo técnico, profissional, especializado, exterior ao raio de ação do indivíduo.

O outro é o modelo do “direito individual” que vê a decisão de deixar de viver como um direito humano fundamental, que diz respeito ao indivíduo e a mais ninguém. Nem médicos, nem governos, nem líderes religiosos ou quem quer que seja têm o direito de restringir esse direito.

Philip diz que sua opinião evoluiu ao longo do tempo – 25 anos de ativismo pelo direito de morrer com dignidade.

Para ele, o acesso à uma morte digna é um direito civil inalienável do indivíduo, e não um “privilégio médico”.

O modelo do “privilégio médico”, mais conservador, é hoje o mais difundido nas legislações que regulam a morte assistida e a eutanásia nos países que permitem esses procedimentos.

Segundo sua visão atual, há somente dois critérios a serem levados em consideração diante da decisão de uma pessoa de deixar de viver: sua capacidade mental (discernimento e autonomia para decidir) e sua idade (indivíduos adultos, com maioridade legal).

Ou seja: para Philip, não é necessário comprovar que você é portador de doença incurável, e um paciente terminal, com 6 meses de expectativa de vida, para ter acesso à morte assistida – exigência feita na maioria dos países que operam pelo modelo do “privilégio médico”.

Philip também chama a atenção para o fato de que “capacidade mental” é um conceito amplo e vago, que precisa ser definido com mais detalhe e precisão.



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A morte voluntária assistida, tanto na versão autoadministrada quanto na versão administrada por terceiros, constitui um procedimento ilegal hoje no Brasil

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