Janet Good: a ativista dos direitos humanos que ajudou dezenas de pacientes terminais a abreviarem seu tormento

Janet Good, defensora dos direitos civis, cooperou com o Dr. Jack Kevorkian no auxílio a que pessoas com doenças terminais pudessem morrer. Em 1997, aos 73 anos, com um câncer no pâncreas, ela encerrou sua própria vida.

Janet Good, fundadora e presidente da Hemlock Society no estado do Michigan, nos Estados Unidos, e apoiadora de Jack Kevorkian em seu ativismo pelo direito de morrer com dignidade, escolheu morrer em 26 de agosto de 1997. No dia seguinte, o New York Times publicou o seguinte perfil, escrito pelo jornalista David Stout.

Janet Good, defensora de longa data dos direitos civis que cooperou com o Dr. Jack Kevorkian no auxílio a que pessoas com doenças terminais pudessem morrer, finalizou sua própria vida ontem na sua residência em Detroit. Ela tinha 73 anos.

Janet sofria de câncer no pâncreas e disse que esperava não morrer como sua mãe, lentamente e com dores lancinanes. Os médicos de Janet esperavam que a doença tirasse sua vida no início de 1996.

“Meu tempo, obviamente, ainda não chegou”, disse ela numa entrevista no final do ano passado. Ontem, ela decidiu que ‘sim, chegou a hora’, conforme afirmou uma pessoa próxima a ela.

Em entrevista coletiva, o advogado do Dr. Kevorkian, Geoffrey Fieger, pediu às autoridades que não investigassem as circunstâncias da morte de Janet.

O advogado se recusou a confirmar que Dr. Kevorkian estivesse presente quando Janet morreu. Ele disse apenas:

“Janet Good não é vítima de um homicídio. Assim como não é qualquer outra pessoa que tenha morrido na presença do Dr. Kevorkian.”

Nos últimos anos, o Dr. Kevorkian tornou-se conhecido por ajudar pacientes terminais em dezenas de mortes assistidas. Ele foi julgado e absolvido várias vezes. E Janet se tornou sua principal assistente, ajudando-o a acolher aqueles que buscavam ajuda para morrer com dignidade e consolando familiares e amigos.

Janet disse que estava orgulhosa de ter sido indiciada, no final de 1996, sob a acusação de ajudar em um suicídio. “Quase fiquei ofendida quando não fui acusada outras vezes”, disse ela. Essa acusação foi posteriormente retirada por causa de sua saúde deteriorada.

O nome do Dr. Kevorkian era pouco conhecido em 1989, quando a Janet começou o movimento pelo direito de morrer com dignidade em Michigan, ao fundar o escritório local da Hemlock Society em sua sala de estar. A Hemlock Society de Michigan tem agora várias centenas de membros.

Em junho de 1990, Dr. Kevorkian perguntou a Janet se poderia usar a casa dela para o seu primeiro procedimento de morte assistida.

Embora Janet tenha concordado no início, ela recusou a proposta depois de conversar com seu marido, Ray, um comandante aposentado da polícia de Detroit que achava que a ação poderia ser ilegal.

“Ele me chamou de todos os nomes do livro”, lembrou Janet mais tarde.

Mas eles acertaram suas diferenças e, em maio de 1996, depois que seu marido mudou de ideia, Janet permitiu que o Dr. Kevorkian usasse sua casa para ajudar um paciente a morrer.

Depois que sua própria doença foi diagnosticada, ela disse que sua crença no direito de morrer com dignidade veio naturalmente, em parte por causa do sofrimento de sua mãe.

“Trabalhei pelos direitos civis, pelos direitos das mulheres e pelos direitos humanos por muitos anos, e isso me parecia apenas mais um direito individual que deveríamos ter”, disse ela.

Natural de Detroit, Janet trabalhava para o estado de Michigan, processando pedidos de seguro-desemprego.

Na década de 1970, ela liderou uma campanha bem-sucedida para tornar o assédio sexual ilegal no estado, um triunfo que lhe rendeu a eleição para o Hall da Fama das Mulheres de Michigan.

Janet também foi homenageada pela Log Cabin Society, um grupo republicano gay, por consolar pacientes de AIDS e suas famílias.




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A morte voluntária assistida (MVA) é um direito civil ainda indisponível no Brasil.



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